A análise de conjuntura é uma
forma de buscar compreender a sociedade a partir dos interesses dos
trabalhadores. Esse foi o destaque da primeira mesa do dia 19, com as palestras
de Alfredo Santos Jr., da juventude da CUT Nacional, e Carlos Veras,
presidente da CUT Pernambuco. Para Alfredo,
há hoje uma polarização entre a Europa e a América Latina. A
crise mundial iniciou em 2008 e, segundo o dirigente, deve ainda durar um bom tempo.
Alfredo Santos Jr., da juventude da CUT Nacioanal, e Carlos Veras, presidente da CUT Pernambuco.
Foto: Flávio Japa / Agência JCMazella
A Europa enfrenta a crise mundial de uma forma antagônica em relação as ações da América Latina. Na Europa, grandes corporações
tentam colocar a culpa no “custo social” e nos imigrantes, criando um cenário,
muitas vezes, de xenofobia. Na América Latina, a economia está muito pautada no
consumo interno.
Com os oito anos do
governo Lula, deu iniciou ao que o sociólogo Emir Sader chamou de período
pós-neoliberal. Um período de políticas distributivas, como o programa Minha
Casa Minha Vida e o Bolsa Família. “Ações em que o Estado se coloca como
indutor do processo econômico”, comenta Alfredo, caminho oposto à lógica da “mão invisível”,
teoria do economista Adam Smith, que, no século 18, acreditava na autorregulação
do mercado.
O presidente da CUT Pernambuco,
Carlos Veras, contextualizou o Estado nesse processo. “Com o governo Lula,
Pernambuco passou a ser um dos Estados que mais recebeu recursos”, comentou. Em
contrapartida, apresentou pautas para o enfrentamento ao governo do Estado, de
Eduardo Campos, sinalizando a precarização da saúde, educação e do trabalho no
Estado. Outro ponto foi como o governo de Pernambuco vem estabelecendo
parcerias duvidosas com a iniciativa privada.
A palestra de Alfredo e Calos se
complementaram, na medica que a primeira enfatizou, no cenário brasileiro, o
investimento interno, com programas de inclusão e os investimentos em
infraestrutura. O consumo no Brasil está aquecido, “mas não há uma
contrapartida da iniciativa privada de investimento”. Ao contrário, ainda ganha
força uma proposição política do setor empresarial para reduzir custos na folha
de pagamento e com impostos.
Sindicalismo independente e de classe
Há uma tradição no Brasil, que
vem com o governo de Getúlio Vargas, de um sindicalismo organizado por
categoria, o que enfraquece uma unificação interesses de classe. “Trabalhador
faz a luta organizando as massas e não fazendo lobby, como é característico do
setor empresarial”, comenta Alfredo. Para enfrentar essa realizada, Carlos, que
proferiu sua palestra na sequência, complementou que a classe trabalhadora
precisa unificar sua pauta e mobilizar a categoria por meio dos sindicatos e a
classe por meio da CUT.
Agenda do sindicalismo combativo
Para Carlos e Alfredo, é preciso
lutar pelas reformas estruturantes, entre elas ambos citaram a importância de democratizar
os meios de comunicação. Defenderam também ações propositivas e independentes,
como a construção do Plano Nacional de Educação (PNE). A classe trabalhadora
precisa unificar as lutas e disputar o processo político para construção de uma
sociedade mais igualitária.
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