segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

A perversidade da terceirização




A última mesa do segundo dia (19/01) de encontro foi dedicada para debater a terceirização na educação, com os palestrantes José Roberto Torres Machado, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores em Administração Escolar no Rio Grande do Sul (Sintae/RS), e Ademar Sgarbossa, diretor do Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Privado da Região da Serrado Rio Grande do Sul (Sintep Serra).

O dirigente do Sintae/RS, José Roberto, mostrou que as escolas são historicamente confessionais e, nas sociedades capitalistas, foram incorporada pelo capital. Combativos à lógica perversa que vem transformando a educação em mercadoria, José Roberto e Ademar contexturalizaram o início das terceirizações de funcionários técnicos nas escolas e, principalmente, nas faculdades e universidades do Rio Grande do Sul, na década de 80 do século passado.

O dirigente do Sintep, Ademar, explicou aos sindicalistas do Sinteepe que a terceirização é a “transferência de algum serviço de uma empresa para a outra” e essa alteração vem acompanhada de demissões, achatamento salarial dos contratados pela terceirizada, além de ficarem sem organização sindical.

Hoje, a terceirização se resume praticamente aos servidores de limpeza e segurança, mas, chama à atenção Ademar, os empresários querem a possibilidade de terceirizar todas as funções, inclusive a de professores. “Só não fazem isso porque a legislazação ainda não permite”, completa.

Para Ademar, tem sido recorrente o calote de empresas terceirizadas. Na Bahia, a CUT tem uma pesquisa com resultado assustador, de que cerca de 10 mil trabalhadores foram prejudicados por empresas terceirizadas que contratam e depois elas somem.

Outro problema foi diagnosticado. Segundo Ademar, nas universidades o terceirizado usa um uniforme diferente. Não tem espaço para alimentação. Não é convidado para as festas de fim de ano. É considerado um profissional de segundo escalão. Há uma discriminação nesse processo.

José Roberto fez ainda uma severa crítica, ao dizer que nesse modelo neoliberal, o trabalhador fica cada vez mais acuado e quando consegue permanecer no trabalho, passa a ser cooptado, se inserindo no mesmo discurso do patrão. “O patrão faz um movimente sempre para eliminar o trabalhador. Além de ser cooptado pelo patrão, ao sair para casa, o trabalhador vai assistir ao Jornal Nacional ou acessar o portal Uol, Terra etc.”, comentou.


 José Roberto Torres Machado, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores em 
Administração Escolar no Rio Grande do Sul (Sintae/RS)



Ademar Sgarbossa, diretor do Sindicato dos Trabalhadores do 
Ensino Privado da Região da Serrado Rio Grande do Sul (Sintep Serra)

Fotos: Flávio Japa / Agência JCMazella

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