A última mesa do segundo dia
(19/01) de encontro foi dedicada para debater a terceirização na educação, com
os palestrantes José Roberto Torres Machado, dirigente do Sindicato dos
Trabalhadores em Administração Escolar no Rio Grande do Sul (Sintae/RS), e
Ademar Sgarbossa, diretor do Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Privado da
Região da Serrado Rio Grande do Sul (Sintep Serra).
O dirigente do Sintae/RS, José
Roberto, mostrou que as escolas são historicamente confessionais e, nas
sociedades capitalistas, foram incorporada pelo capital. Combativos à lógica
perversa que vem transformando a educação em mercadoria, José Roberto e Ademar
contexturalizaram o início das terceirizações de funcionários técnicos nas
escolas e, principalmente, nas faculdades e universidades do Rio Grande do Sul,
na década de 80 do século passado.
O dirigente do Sintep, Ademar,
explicou aos sindicalistas do Sinteepe que a terceirização é a “transferência
de algum serviço de uma empresa para a outra” e essa alteração vem acompanhada
de demissões, achatamento salarial dos contratados pela terceirizada, além de
ficarem sem organização sindical.
Hoje, a terceirização se resume praticamente
aos servidores de limpeza e segurança, mas, chama à atenção Ademar, os
empresários querem a possibilidade de terceirizar todas as funções, inclusive a
de professores. “Só não fazem isso porque a legislazação ainda não permite”,
completa.
Para Ademar, tem sido recorrente
o calote de empresas terceirizadas. Na Bahia, a CUT tem uma pesquisa com
resultado assustador, de que cerca de 10 mil trabalhadores foram prejudicados
por empresas terceirizadas que contratam e depois elas somem.
Outro problema foi diagnosticado.
Segundo Ademar, nas universidades o terceirizado usa um uniforme diferente. Não
tem espaço para alimentação. Não é convidado para as festas de fim de ano. É
considerado um profissional de segundo escalão. Há uma discriminação nesse
processo.
José Roberto fez ainda uma severa
crítica, ao dizer que nesse modelo neoliberal, o trabalhador fica cada vez mais
acuado e quando consegue permanecer no trabalho, passa a ser cooptado, se inserindo
no mesmo discurso do patrão. “O patrão faz um movimente sempre para eliminar o
trabalhador. Além de ser cooptado pelo patrão, ao sair para casa, o trabalhador
vai assistir ao Jornal Nacional ou acessar o portal Uol, Terra etc.”, comentou.
José Roberto Torres Machado, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores em
Administração Escolar no Rio Grande do Sul (Sintae/RS)
Ademar Sgarbossa, diretor do Sindicato dos Trabalhadores do
Ensino Privado da Região da Serrado Rio Grande do Sul (Sintep Serra)
Fotos: Flávio Japa / Agência JCMazella
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