segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Congresso promovido pelo Sinteepe faz um Raio-X das condições de trabalho na educação





A importância histórica da Conae para e educação brasileira e a luta pela aprovação do PNE. A precarização do trabalho e no modelo neoliberal. A perversidade da terceirização. Alterações no estatuto do Sinteepe. Durante três dias, de 18 a 20 de janeiro, a aconchegante ilha de Itamacará foi cenário do 1º Congresso Estadual dos Trabalhadores nos Estabelecimentos de Ensino Privado de Pernambuco (Conteepe). Autoridades do Ministério da Educação (MEC), da CUT Nacional, da Contee e entidades sindicais de diferentes estados do país fizeram um Raio-X das condições de trabalho e a luta pela valorização do trabalhador.
Para o secretário-geral do Sinteepe, Manoel Henrique da Silva Filho, a luta pela valorização e melhores condições de trabalho depende muito da organização da categoria. “O Conteepe foi importante para construir uma imagem realista das relações de trabalho, desde o avanço perverso da terceirização do trabalho, até os rumos da educação brasileira com o debate do Plano Nacional de Educação”, comentou.


Mais-valia: desafios do trabalho com a terceirização

O movimento sindical, fragmentado em categorias, depende de sua articulação e luta pela classe. Nesse sentido, a análise do contexto do trabalho em âmbito nacional e internacional já sinaliza para as principais bandeiras de luta. Na palestra de abertura proferida pelo presidente do Sinpro Rio, Wanderley Quedo historicizou o desenvolvimento do trabalho desde o século 19 e a nova fase do capitalismo, iniciada na década de 80 do século passado. Com a terceirização, o fluxo de trabalhadores impede, talvez, a grande fonte de energia da classe, que se desenvolve na empatia, na convivência entre trabalhadores, diz Wanderley.
A fragilização nas relações de trabalho foi o tema mais recorrente no Congresso. O dirigente do Sindicato dos Trabalhadores em Administração Escolar no Rio Grande do Sul (Sintae/RS), José Roberto Torres Machado, e o diretor do Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Privado da Região da Serrado Rio Grande do Sul (Sintep Serra), Ademar Sgarbossa, detalharam a perversidade da terceirização nas instituições de ensino privado. A terceirização é a “transferência de algum serviço de uma empresa para a outra” e essa alteração vem acompanhada de demissões, achatamento salarial dos contratados pela terceirizada, além do trabalhador ficar sem organização sindical, comenta dirigente do Sintep, Ademar.

O contraponto ao modelo neoliberal

A análise de conjuntura é uma forma de buscar compreender a sociedade a partir dos interesses dos trabalhadores. Esse foi o destaque das palestras de Alfredo Santos Jr., da juventude da CUT Nacional, e Carlos Veras, presidente da CUT Pernambuco. Para Alfredo, há hoje uma polarização entre a Europa e a América Latina. A crise mundial iniciou em 2008 e, segundo o dirigente, deve ainda durar um bom tempo. Enquanto a Europa amarga uma crise econômica acompanhada pela fragilização das relações de trabalho, no Brasil, desde o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, há um fortalecimento do Estado com políticas distributivas, como o programa Minha Casa Minha Vida e o Bolsa Família. “Ações em que o Estado se coloca como indutor do processo econômico”, comenta Alfredo.
Mas é preciso avançar. Para Carlos e Alfredo, é preciso lutar pelas reformas estruturantes. Entre elas: a importância de democratizar os meios de comunicação. Defenderam também ações propositivas e independentes, como a construção do Plano Nacional de Educação (PNE). A classe trabalhadora precisa unificar as lutas e disputar o processo político para construção de uma sociedade mais igualitária.

Os desafios da educação

Outro debate central no Conteepe foi à educação no projeto de desenvolvimento do Brasil. O Assessor Técnico da Secretaria de Educação do Rio Grande do Sul, José Thadeu Rodrigues de Almeida, ministrou a palestra: “A importância da educação no projeto de desenvolvimento do Brasil”. Thadeu reforçou os avanços do governo Lula e, agora, da presidente Dilma Rousseff com programas de inclusão. Mas defendeu mudanças estruturais, sobretudo para a educação, e o retorno do debate ideológico.
Para Thadeu, “ao chegar ao poder abandonamos muito a luta por uma sociedade socialista”. A inclusão social tem sido a inclusão no consumo. O perigo, para Thadeu, é perder “os corações e as mentes, que passa pela disputa ideológica”. Para o professor, a identidade de classe é diluída pela sociedade de consumo, pautada no individualismo e no hedonismo.
A secretária de Assuntos Educacionais da Contee, Adércia Hostin Bezerra, e o secretário de Assuntos Educacionais da CNTE, Heleno Araújo, discorreram sobre a Conferência Nacional de Educação (Conae) e o Plano Nacional de Ensino (PNE), destacando os desdobramentos na educação brasileira.
Para Adércia Hostins, a Conae foi o evento mais importante para a educação brasileira, ao abrir um grande fórum público para decidir os rumos educacionais. O documento final da Conae reafirma princípios básicos de que educação é direito de todos e dever do Estado.
Tendo como base a Conae, o então presidente da República, Luiz Inácio da Silva, e o ministro da Educação da época, Fernando Haddad, encaminharam ao Congresso Nacional, no dia 15 de dezembro de 2010, o projeto de lei do Plano Nacional de Educação (PNE). Os palestrantes Heleno e Adércia comentaram sobre as dez diretrizes e 20 metas de devem ser cumpridas até 2020.
Mais uma etapa do Conae se realiza neste ano. O diretor de programa da Secretaria Executiva Adjunta do MEC, Arlindo Cavalcanti Queiroz, conclamou os trabalhadores para participar da Conferência Nacional de Educação. No primeiro semestre deste ano acontecem as conferências municipais e, no segundo, as Estaduais. Em fevereiro de 2014, acontecerá a Conferência Nacional de Educação.
Universalização e ampliação do acesso, além do atendimento em todos os níveis educacionais, e a expansão da oferta de matriculas gratuita são metas incluídas no PNE.  Para Thadeu, além das condições técnicas de universalização e acesso aos níveis educacionais, é precisa debater o conteúdo, o que implica uma visão política sobre a formação da cidadania.

Aprovada alterações no estatuto do Sinteepe

O Congresso encerrou com a assembleia da categoria que dos trabalhadores nos estabelecimentos de ensino privado de Pernambuco que aprovaram mudanças no Estatuto do Sinteepe. Entre elas, mandato de quatro anos, a criação de uma coordenadoria de Saúde do Trabalhador, além de aprovar o plano de lutas, com a intensificação da campanha de sindicalização e qualificar a comunicação da entidade (por meio de jornal, site, blog, twitter). Foi aprovado também a filiação da entidade ao Dieese, Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos. Na assembleia foi aprovada a organização do II Conteepe e o curso de formação à diretoria e à base do Sinteepe.



Texto: José Isaías Venera - DRT SC 01522 JP
Fotos: Flávio Japa / Agência JCMazella

Depoimentos



“O Congresso vai fortalecer mais a luta dos trabalhadores de Petrolina. A sindicalização dos trabalhadores fortalece a luta da categoria.”

Glaucia Cristine Fonseca da Silva, da Escola Cecília Meireles, de Petrolina

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“O Congresso mostrou a importância da organização sindical. Nosso compromisso deve ser o de divulgar o conhecimento apreendido no evento a ajudar na luta, começando com novas filiações.”

Erilson da Silva, de Limoeira

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“Foi importante para conhecer as funções do sindicato. Seria bom também se ampliar o número de reuniões em Caruaru.”

Jairo Oliveira da Silva, do Sagrado Coração, do município de Caruaru

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“Superou as expectativas. Esse foi o primeiro congresso nos 24 anos do sindicato. Com as palestras, a categoria pode ter um panorama internacional e nacional sobre as relações de trabalho, sobre as principais bandeiras de luta e os principais desafios a serem enfrentados pelos trabalhadores da educação. Foi um sacrifício para essa diretoria conseguir organizar o Congresso, principalmente depois da perda dos companheiros de diretoria, José Edson de Souza, Délio Camilo de Melo e Miriam Neide dos Santos, que sofreram um trágico acidente de carro voltando do Petrolina, quando realizavam trabalho de base. Com a perda dos queridos companheiros sentimos, mais ainda, o dever de lutar, de honrar o esforço deles em prol de uma sociedade mais justa para os trabalhadores. Estamos saindo desse congresso com a certeza de que muitas outras vitórias ainda serão conquistadas”.

Manoel Henrique da Silva Filho, dirigente do Sinteepe

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“O nosso grupo sempre defendeu que nós deveríamos fazer trabalho de base em Petrolina, que os companheiros estavam precisando do sindicato. A luta é importante. A gente tem limitações para estar mais presente e, mesmo assim, três companheiros morreram.”

Amaro Sérgio, diretoria do Sinteepe

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“Eu sempre me lembro dos três companheiros que se foram. Saudades Mirian. Saudades Edson. Saudades Délio. Eles lutaram muito para que este evento acontecesse.”

Cícero Pedro, diretoria do Sinteepe

Fotos: Flávio Japa / Agência JCMazella

Aprovado alterações no estatuto do Sinteepe


No último dia (20/01) de Congresso, a categoria dos trabalhadores nos estabelecimentos de ensino privado de Pernambuco aprovaram mudanças no Estatuto do Sinteepe. Entre elas, mandato de quatro anos, a criação de uma coordenadoria de Saúde do Trabalhador, além de aprovar o plano de lutas, com a intensificação da campanha de sindicalização e qualificar a comunicação da entidade (por meio de jornal, site, blog, twitter). Foi aprovado também a filiação da entidade ao Dieese, Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos. Na assembleia foi aprovada a organização do II Conteepe e o curso de formação à diretoria e à base do Sinteepe. 



Fotos: Flávio Japa / Agência JCMazella

A perversidade da terceirização




A última mesa do segundo dia (19/01) de encontro foi dedicada para debater a terceirização na educação, com os palestrantes José Roberto Torres Machado, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores em Administração Escolar no Rio Grande do Sul (Sintae/RS), e Ademar Sgarbossa, diretor do Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Privado da Região da Serrado Rio Grande do Sul (Sintep Serra).

O dirigente do Sintae/RS, José Roberto, mostrou que as escolas são historicamente confessionais e, nas sociedades capitalistas, foram incorporada pelo capital. Combativos à lógica perversa que vem transformando a educação em mercadoria, José Roberto e Ademar contexturalizaram o início das terceirizações de funcionários técnicos nas escolas e, principalmente, nas faculdades e universidades do Rio Grande do Sul, na década de 80 do século passado.

O dirigente do Sintep, Ademar, explicou aos sindicalistas do Sinteepe que a terceirização é a “transferência de algum serviço de uma empresa para a outra” e essa alteração vem acompanhada de demissões, achatamento salarial dos contratados pela terceirizada, além de ficarem sem organização sindical.

Hoje, a terceirização se resume praticamente aos servidores de limpeza e segurança, mas, chama à atenção Ademar, os empresários querem a possibilidade de terceirizar todas as funções, inclusive a de professores. “Só não fazem isso porque a legislazação ainda não permite”, completa.

Para Ademar, tem sido recorrente o calote de empresas terceirizadas. Na Bahia, a CUT tem uma pesquisa com resultado assustador, de que cerca de 10 mil trabalhadores foram prejudicados por empresas terceirizadas que contratam e depois elas somem.

Outro problema foi diagnosticado. Segundo Ademar, nas universidades o terceirizado usa um uniforme diferente. Não tem espaço para alimentação. Não é convidado para as festas de fim de ano. É considerado um profissional de segundo escalão. Há uma discriminação nesse processo.

José Roberto fez ainda uma severa crítica, ao dizer que nesse modelo neoliberal, o trabalhador fica cada vez mais acuado e quando consegue permanecer no trabalho, passa a ser cooptado, se inserindo no mesmo discurso do patrão. “O patrão faz um movimente sempre para eliminar o trabalhador. Além de ser cooptado pelo patrão, ao sair para casa, o trabalhador vai assistir ao Jornal Nacional ou acessar o portal Uol, Terra etc.”, comentou.


 José Roberto Torres Machado, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores em 
Administração Escolar no Rio Grande do Sul (Sintae/RS)



Ademar Sgarbossa, diretor do Sindicato dos Trabalhadores do 
Ensino Privado da Região da Serrado Rio Grande do Sul (Sintep Serra)

Fotos: Flávio Japa / Agência JCMazella

Desafios para a educação até 2020


A quarta mesa do Congresso (19/01) foi dedicada ao Plano Nacional de Ensino (PNE) e aos seus desdobramentos na educação brasileira. A secretária de Assuntos Educacionais da Contee, Adércia Hostin Bezerra, e o secretário de Assuntos Educacionais da CNTE, Heleno Araújo, apresentaram o desenvolvimento das conferências de educação e a construção do Plano Nacional de Educação (PNE).

Adércia Hostin, ao centro, apresenta a posição 
da Contee na construção do PNE
 Foto: Flávio Japa / Agência JCMazella

Para Adércia Hostins, a Conferência Nacional de Educação (Conae) foi o evento mais importante para a educação brasileira, ao abrir um grande fórum público para decidir os rumos educacionais. O documento final da Conae reafirma princípios básicos de que educação é direito de todos e dever do Estado.

Em 2010 aconteceram as conferências de educação em todo o país e em âmbito municipal, intermunicipal, estadual e nacional, resultando na Conae, com a produção do documento final. Para Heleno, foi um processo democrático que o poder público gerenciou e que todos puderam participar para o desenvolvimento da educação nacional.

Tendo como base a Conae, o então presidente da República, Luiz Inácio da Silva, e o ministro da Educação da época, Fernando Haddad, encaminharam ao Congresso Nacional, no dia 15 de dezembro de 2010, o projeto de lei do Plano Nacional de Educação (PNE). Os palestrantes Heleno e Adércia comentaram sobre as dez diretrizes e 20 metas de devem ser cumpridas até 2020.

Universalização e ampliação do acesso, além do atendimento em todos os níveis educacionais, e a expansão da oferta de matriculas gratuitas são metas incluídas no PNE.    


 Heleno Araújo, secretário de Assuntos Educacionais da CNTE
 Foto: Flávio Japa / Agência JCMazella



Adércia Hostin Bezerra, secretária de Assuntos Educacionais da Contee  
      Foto: José Isaías Venera

sábado, 19 de janeiro de 2013

Debate ideológico em pauta na educação


O veterano na luta sindical, José Thadeu Rodrigues de Almeida, ministrou a palestra da segunda mesa, com o tema: “A importância da educação no projeto de desenvolvimento do Brasil”. Thadeu reforçou os avanços do governo Lula e, agora, da presidente Dilma Rousseff com programas de inclusão. Mas defendeu mudanças estruturais, sobretudo para a educação, e o retorno do debate ideológico.


José Thadeu Rodrigues de Almeida
Foto: Flávio Japa / Agência JCMazella

Para Thadeu, “ao chegar ao poder abandonamos muito a luta por uma sociedade socialista”. A inclusão social tem sido a inclusão no consumo. O perigo, para Thadeu, é perder “os corações e as mentes, que passa pela disputa ideológica”. Para o professor, a identidade de classe é diluída pela sociedade de consumo, pautada no individualismo e no hedonismo.

A consciência de classe e os valores de solidariedade e comprometimento social devem estar no conteúdo do ensino, no currículo escolar, nos materiais didáticos.

Enquanto projeto de inclusão, o governo criou o Pró-Une, programa que concede bolsas de estudo integrais ou parciais em instituições privadas de ensino. Hoje, lembrou Thadeu, mais de um milhão de jovens tiveram acesso à universidade. Quando o governo criou o Pronatec, mais de um milhão de jovens tiveram acesso aos cursos técnicos.

O governo está integrando milhões de cidadão na formação acadêmica e técnica, mas para quê? Para Thadeu, “estamos construindo um exército de alienados nas nossas próprias estruturas”. Um jovem da periferia pode cursa medicina por meio do Pró-Une, mas ao se formar estará cooptado pela sociedade de consumo e individualista. Qual será seu compromisso social com a comunidade?

A inclusão pelo ensino, nesse modelo, tem favorecido a qualificação para o mercado de trabalho. É preciso retomar o debate sobre o modelo de sociedade que queremos. “Se não fizemos esse debate em 20 anos assistiremos ao fim do SUS, da escola pública e das garantias sociais”.

Análise de conjuntura e defesa as reformas estruturais


A análise de conjuntura é uma forma de buscar compreender a sociedade a partir dos interesses dos trabalhadores. Esse foi o destaque da primeira mesa do dia 19, com as palestras de Alfredo Santos Jr., da juventude da CUT Nacional, e Carlos Veras, presidente da CUT Pernambuco. Para Alfredo, há hoje uma polarização entre a Europa e a América Latina. A crise mundial iniciou em 2008 e, segundo o dirigente, deve ainda durar um bom tempo.


Alfredo Santos Jr., da juventude da CUT Nacioanal, e Carlos Veras, presidente da CUT Pernambuco.
Foto: Flávio Japa / Agência JCMazella


A Europa enfrenta a crise mundial de uma forma antagônica em relação as ações da América Latina. Na Europa, grandes corporações tentam colocar a culpa no “custo social” e nos imigrantes, criando um cenário, muitas vezes, de xenofobia. Na América Latina, a economia está muito pautada no consumo interno.

Com os oito anos do governo Lula, deu iniciou ao que o sociólogo Emir Sader chamou de período pós-neoliberal. Um período de políticas distributivas, como o programa Minha Casa Minha Vida e o Bolsa Família. “Ações em que o Estado se coloca como indutor do processo econômico”, comenta Alfredo, caminho oposto à lógica da “mão invisível”, teoria do economista Adam Smith, que, no século 18, acreditava na autorregulação do mercado.

O presidente da CUT Pernambuco, Carlos Veras, contextualizou o Estado nesse processo. “Com o governo Lula, Pernambuco passou a ser um dos Estados que mais recebeu recursos”, comentou. Em contrapartida, apresentou pautas para o enfrentamento ao governo do Estado, de Eduardo Campos, sinalizando a precarização da saúde, educação e do trabalho no Estado. Outro ponto foi como o governo de Pernambuco vem estabelecendo parcerias duvidosas com a iniciativa privada.

A palestra de Alfredo e Calos se complementaram, na medica que a primeira enfatizou, no cenário brasileiro, o investimento interno, com programas de inclusão e os investimentos em infraestrutura. O consumo no Brasil está aquecido, “mas não há uma contrapartida da iniciativa privada de investimento”. Ao contrário, ainda ganha força uma proposição política do setor empresarial para reduzir custos na folha de pagamento e com impostos.

Sindicalismo independente e de classe

Há uma tradição no Brasil, que vem com o governo de Getúlio Vargas, de um sindicalismo organizado por categoria, o que enfraquece uma unificação interesses de classe. “Trabalhador faz a luta organizando as massas e não fazendo lobby, como é característico do setor empresarial”, comenta Alfredo. Para enfrentar essa realizada, Carlos, que proferiu sua palestra na sequência, complementou que a classe trabalhadora precisa unificar sua pauta e mobilizar a categoria por meio dos sindicatos e a classe por meio da CUT.

Agenda do sindicalismo combativo

Para Carlos e Alfredo, é preciso lutar pelas reformas estruturantes, entre elas ambos citaram a importância de democratizar os meios de comunicação. Defenderam também ações propositivas e independentes, como a construção do Plano Nacional de Educação (PNE). A classe trabalhadora precisa unificar as lutas e disputar o processo político para construção de uma sociedade mais igualitária. 

Por onde caminha a humanidade - Por onde caminha o trabalhador


O presidente do Sinpro Rio, Wanderley Quedo, proferiu a conferência de abertura com o tema “A escola privada, os trabalhadores em educação e suas relações de trabalho”.  Didático e com engajamento, Wanderley historicizou as relações de trabalho desde o século 19, para desmistificar a ideia de que o progresso é imanente no curso da história.

Para o historiador, “o que está acontecendo na Europa é justamente o recuo de direitos dos trabalhadores”. Mesmo assim, enfatizou: “dizer que o mundo está em crise é uma mentira”. A Espanha recebeu 40 bilhões de euros, mas a maior parte desse recurso foi destinada para salvar bancos e grandes corporações, enquanto isso amplia as filas de trabalhadores para conseguir comida, roupa e moradia. Há estimativa, comenta o sindicalista, é de que milhões de pessoas morram na Europa por falta de abrigos e repoupas para suportar o frio. Um cenário desolador, mas que vai ao encontro da ideia central, de que é preciso desnaturalizar as relações instituídas na sociedade.


 


Neoliberalismo

Na década de 80 do século passado início uma nova fase do capitalismo, alavancada principalmente com as ações do presidente dos EUA, Ronald Reagan, e a “dama de ferro” da Inglaterra, Margareth Thatcher, que resultou no enfraqueceu o Bem Estar Social e inseriu os países capitalistas numa agenda neoliberal.

As relações de trabalho começaram a alterar. Com a terceirização do trabalho, explica Wanderley, uma nova realidade passou a fragilizar mais as relações de trabalho. Em gerações passadas, era comum que trabalhadores estabelecerem laços de solidariedade pela identificação de classe e pelo tempo de trabalho. “Antigamente o meu pai era operário. Ele chegava e conversava com as mesmas pessoas. Se estabelecia laços de amizade, de união, de parceria de trabalho”. Com a terceirização, o fluxo de trabalhadores impede, talvez, a grande fonte de energia da classe, que se desenvolve na empatia, na convivência entre trabalhadores.

O enfraquecimento do Estado, a flexibilização das leis trabalhistas e os investimentos públicos na iniciativa privada integram a agenda neoliberal. Atento as mudanças e aos contextos históricos no cenário internacional e nacional, Wanderley procurou desnaturalizar o desenvolvimento da sociedade. Aos moldes de um marxista, os trabalhadores precisam construir sua própria história e não outorgá-la à classe dominante.

O presidente do Sinpro Rio ressaltou a força da bancada privatista no congresso com sua agenda neoliberal e citou o documento produzido pela Confederação Nacional da Indústria, com o titulo: “101 propostas da CNI para mudança na Legislação Trabalhista”. Entre elas, “a revogação do intervalo de descanso de 15 minutos para mulheres antes da jornada extraordinária (artigo 338 da CLT)”; “Propõe a extinção do salário mínimo regional e dos pisos salariais estaduais”; “Propõe o estabelecimento de critérios legais objetivos e adequados para caracterizar o trabalho escravo”; “Propõe a extinção da multa adicional de 10% sobre o FGTS nos casos de demissão sem justa causa”.

Em defesa da apropriação do discurso da classe trabalhadora

Na Grécia antiga, os mitos ajudavam a explicar a origem da vida e das relações humanas. Mas, em certa medida, servem como arquétipos para entender a sociedade em diferentes períodos históricos. Como exemplo, o historiador citou o mito do Eco, de uma bela ninfa dos bosques e das fontes, que após promover intriga no Olimpo teve como castigo apenar repetir as últimas palavras de tudo o que ela ouvia. Por não conseguir falar de seu encanto por Narciso, vê o belo moço mergulhar na sua própria imagem, como se ele fosse engolido pela sua vaidade e individualismo. Desolada, preferiu morrer nas pedras, quando tentava subir ao monte do Olimpo.

A sobrevivência da classe trabalhadora depende de se apropria de sua própria voz, ecoar seu próprio discurso, e não cair nos encantos do discurso ideológica, individualista e hedonista da classe dominando. 


sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Homenagem aos companheiros que perderam suas vidas na militância

O Sinteepe homenageou os companheiros que perderam suas vidas na militância, num trágico acidente em novembro de 2012, quando se deslocavam para Petrolina, interior de Pernambuco, para fazer trabalho de base.

José Edson de Souza Filho
Déli Camilo de Melo
Mirian Neide dos Santos

Os companheiros que estavam no trágico acidente e que sobreviveram também foram homenageados:

Amaro Sérgio de Lima Botelho
Cícero Pedro da Silva

Homenagens


A militância é um gesto de obstinação, de quem acredita que as transformações sociais acontecem quando os trabalhadores se unem. Com esse espírito de união dos trabalhadores, o Sinteepe homenageou os funcionários: Hailton Eusélio, Fernando Redevivo, José André e Anccelmo Moura.
  




Homenagem aos assessores sindicais:
Alan Kardec, assessor jurídico do Sinteepe; Flávio Marinho, assessor do Sindicato dos Previdenciários.




Homenagem ao professor José Thadeu Rodrigues de Almeida, secretário adjunto da Secretaria de Educação de Porto Alegre, e a professora Sueli Santos, ex-diretora do Sinpro Pernambuco.




Fotos: Flávio Japa / Agência JCMazella


Representantes de entidades sindicais e do MEC integram mesa de abertura


Integraram a mesa de abertura Arlindo Cavalcanti Queiroz, diretor de programa da Secretaria Executiva Adjunta do MEC; Adércia Bezerra Hostin, coordenadora de Assuntos Educacionais da Contee; Carlos Veras, presidente da CUT Pernambuco; Manoel Henrique da Silva Filho, coordenador-geral do Sinteepe; Daniel Gaio, da CUT nacional.  


O diretor de programa da Secretaria Executiva Adjunta do MEC, Arlindo Cavalcanti Queiroz, conclamou os trabalhadores para participar da Conferência Nacional de Educação. No primeiro semestre deste ano acontecem as conferências municipais e, no segundo, as Estaduais. Em fevereiro de 2014 acontecerá a Conferência Nacional de Educação.

Para Arlindo, “educação é pensar, agir e sentir. É uma unidade”. Ressaltou também que é preciso descortinar o mundo, ou seja, perceber que a realidade pode ser alterada.  



Adércia Bezerra Hostin, presidente do Sinpro Itajaí e Região e 
coordenadora de Assuntos Educacionais da Contee




Carlos Veras, presidente da CUT Pernambuco



Daniel Gaio, da CUT nacional.


Manoel Henrique da Silva Filho, secretário-geral do Sinteepe

Fotos: Flávio Japa / Agência JCMazella

História do Sinteepe é lembrada na abertura


A luta pela valorização e melhores condições de trabalho depende muito da organização sindical. Os direitos conquistados ao longo da história são resultados de ações propositivas e de enfrentamento da classe trabalhadora contra os poderes instituídos na sociedade, para que suas reivindicações sejam inseridas na pauta de ampliação de direitos e de políticas públicas do Estado. Seja na Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), na Constituição Federal ou na Convenção Coletiva do Trabalho há sempre a presença de trabalhadores anônimos que se doaram e se doam para minimizar o preconceito, como na relação de gênero entre homens e mulheres, e para reduzir a desigualdade social, protegendo a classe da exploração descabida da força de trabalho.

Para defender os direitos e promover melhores condições de trabalho para funcionários do setor privado de Pernambuco, que surgiu, em 1986, as primeiras ações que resultariam na organização sindical. Primeiro com a iniciativa de um grupo de trabalhadores que militavam na Associação dos Funcionários da Universidade Católica de Pernambuco, que, em pouco tempo, se tornou na Associação Profissional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino de Pernambuco, até a luta se ampliar para o Ensino Básico e em outras faculdades do Grande Recife, para depois expandir o movimento ao interior do Estado.

Em 1988, a Associação dos Trabalhadores, com aprovação em Assembleia, se tornou no Sindicato dos Trabalhadores nos Estabelecimentos de Ensino de Pernambuco – Sinteepe. O Sindicato passou a representar funcionários de estabelecimentos de ensino fundamental, médio, superior, técnico profissional ou de artes, na base territorial de Pernambuco, em parceria com a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee).

Este evento é um espaço para democratizar as relações constituídas na entidade sindical, tendo como objetivo deliberar sobre as ações para o próximo período, a partir da avaliação e construção de um plano de gestão que devem orientar a política sindical.


Manoel Henrique da Silva Filho, secretário-geral do Sinteepe
Fotos: Flávio Japa / Agência JCMazella


Evento reúne mais de sessenta trabalhadores

Mais de sessenta trabalhadores do ensino privado de Pernambuco e autoridades de entidades sindicais da Bahia, Santa Catarina, São Paulo e Rio Grande do Sul, além de representantes da Contee e CUT, participaram da abertura do 1º Conteepe – Congresso Estadual dos Trabalhadores nos Estabelecimentos de Ensino de Pernambuco, com o tema: Valorização e melhores condições de trabalho. 




Fotos: Flávio Japa / Agência JCMazella

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Sinteepe promove congresso para discutir a valorização e as condições de trabalho da categoria



O Sinteepe promove o 1º Conteepe – Congresso Estadual dos Trabalhadores nos Estabelecimentos de Ensino Privado de Pernambuco, com o tema: “Valorização e Melhores Condições de Trabalho”. O evento inicia na próxima sexta-feira (18) e segue até o dia 20, no Orange Praia Hotel, em Itamacará.

O congresso é um espaço para democratizar as relações constituídas na entidade sindical, tendo como objetivo deliberar sobre as ações para o próximo período, a partir da avaliação, construção de plano de gestão e diretrizes que devem orientar a política sindical.

Para o Secretário Geral do Sinteepe, Manoel Henrique da Silva Filho, a luta pela valorização e melhores condições de trabalho depende muito da organização sindical. Os direitos conquistados ao longo da história são resultados de ações propositivas e de enfrentamento da classe trabalhadora contra os poderes instituídos na sociedade para que suas reivindicações sejam inseridas na pauta das políticas públicas do Estado nos direitos trabalhistas. “Seja na Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), na Constituição Federal ou na Convenção Coletiva do Trabalho há sempre a presença de trabalhadores anônimos que se doaram e se doam para minimizar o preconceito, como na relação de gênero entre homens e mulheres, e para reduzir a desigualdade social, protegendo a classe da exploração descabida da força de trabalho”, comenta Henrique.